Um fim de semana em Hollownest

Máscaras e mais máscaras ao redor dele. Passaria milênios contando cada uma e não conseguiria contabilizá-las.

A única certeza era ele tinha era que contribuiu para aumentar a pilha de mascarás, pois acabou de matar mais um chefão de Hollownest.

Depois de enfiar seu ferrão na testa de uma aranha gigante em um ninho, o corpo de sua inimiga desapareceu em pixels misturados a uma explosão laranja.

Sobrou apenas a máscara que Oco carregava debaixo de seu braço. Iria deixá-la em algum lugar envolta das teias e rochas fedidas que estava.

Poderia deixá-la ali mesmo, na toca da aranha, mas prometeu para que daria um fim digno a sua oponente.

Cleck! Cleck!

Se deixaria o resto dela na toca ou não deixaria, teria que fazer a decisão rápido, já que a caverna onde estava desabaria em breve.

Muita poeira temperada com teia e ossos estava caindo em sua cabeça. 

Decidiu sair do local e, pouco antes de colocar seus pés na saída, a toca desabou como se tivesse acabando com a história de uma raça.

Por um momento, Oco pensou que ficaria dentro dos escombros, pois saiu no limite mesmo dando diversos dashes.

Pela primeira vez, cogitou tirar um fim de semana livre.

Ele encarou seu ferrão, encarou a máscara que carregava e olhou para trás: todas as coisas em sua volta estavam cansando ele.

Era mais do que necessário para ele fazer uma pausa.

Felizmente, ainda restava um lugar calmo no reino onde estava. Era nele que estaria em alguns dias ou meses, dependeria de quantos inimigos teria que enfrentar no caminho.

Nunca era fácil chegar onde queria, sempre era necessário girar seu ferrão em diversas direções para cortar criaturas.

Só na caverna onde matou a aranha gigante teve que exterminar hordas e mais hordas de outros aracnídeos assustadores.

Tching! Tching! 

Se tivesse braços, com certeza teria uma tendinite ao sair do ninho das aranhas. Teve que fazer uma dança cortante com diversas aranhas para sair do lugar.

Pelo menos estava livre para tirar seu fim de semana de férias. Ele achava que seria no fim de semana, tipo sábado e domingo, pois nem calendário naquele reino ele podia usar.

A única noção de tempo que tinha era que dia conterei a infecção desse lugar ou que dia acabarei com a dor desse lugar

Não tendo calendário, seu compromisso poderia esperar mais um pouco. Apesar de toda hora ver diversos irmãos caídos por aí, ele estava disposto a tirar a folga.

Seria uma coisa que seus irmãos e irmãs queriam que ele fizesse. Até mesmo os aldeões por onde ele passava já diziam isso para ele: tire uma folga antes que seja tarde demais.

Na mesma vila que ouvia os comentários, comprou algumas tábuas de madeira e uma rede para usar quando estivesse descansando. Adquiriu outras coisas também e colocou em sua bolsa mágica.

A única coisa que levaria à mostra mesmo era seu ferrão e uma vara de pesca para usar quando estivesse na Lagoa Azul.

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Sabe o que é pior de querer estar em um lago para pescar em uma tarde de domingo? Com certeza é não ter isca para os peixes, um problema que Oco demorou para resolver.

Infelizmente, ninguém da vila onde ele estava vendia isca para peixes. 

Ele teve que encontrar algumas criaturas pequenas no caminho para utilizá-las na pesca. Apesar de não poder devorar a carne das criaturas por estarem infectadas, serviriam muito bem como isca.

Ficou até feliz quando chegou no lago azul com suas iscas ainda frescas.

Poderia ficar o resto do dia das suas mini férias pescando o que tivesse no lago.

Shrrrip!

Ele tirou seu mapa para fora a fim de achar um lugar ideal para posicionar seus equipamentos, inclusive a rede.

Como geralmente apenas passava pelo local voando como um torpedo, nunca reparou em um ponto bom para pescar.

Conseguiu se estabelecer em um espaço perto de um outro ferrão que estava fincado no chão. 

Oco sabia de quem era aquele ferrão e rezou para o dono dele. Dá ultima vez que viu seu irmão com ele foi ali mesmo, depois, perdeu ele de vista.

Aproveitou para usar o ferrão como um suporte extra para suas coisas. Colocou diversas bolsas nele.

Agora seu único objetivo era montar sua rede por ali, então fincou as tábuas que comprou de um grilo mercenário com a força do ódio e abriu sua rede.

Com sorte não iria cair quando dormisse. Para testar a força dela, ele deu uma investida que abriria a barriga de qualquer criatura e, surpreendentemente, a rede aguentou.

Seria dela que pescaria ou pelo menos seria dela que acompanharia quando sua vara ficasse agitada, pois Oco apenas colocou a isca no anzol e fincou a vara no chão. 

Estava cansado de ter que ficar segurando qualquer coisa naquele reino.

A única coisa que ficaria segurando até sua vara dar algum sinal era uma revista com os principais amuletos para passar do Salão dos Deuses fácil.

Assim que passou pela última página da revista, colocou ela de volta em seu bolso mágico e viu que nenhum amuleto conseguiria colocar as batalhas no modo easy.

Teria que treinar mais um pouco se quisesse extrair 100 % que Hallownest poderia oferecer pare ele.

Pelo menos não precisava de experiência para saber que sua vara fisgou algum peixe porque ela começou a tremer igual perna de sabiá no inverno.

Na verdade, ela estava tremendo mais do que o normal. Ela estava quase saindo de onde estava.

Oco teve que correr para pegar a vara, pois senão a vara já estaria dentro do lago há tempos. Foi uma péssima decisão dele.

Ele pegou a vara, mas também foi puxado para dentro d´água. 

Antes de se molhar, cortou a linha do anzol e recuou para a beirada com seus equipamentos. 

Era melhore perder o anzol do que a var a inteira, então ele não ficou com raiva do peixe que puxou, mas com certeza isso não valia para o peixe.

O que estava dentro do lago ficou irritado por ter sido fisgado e a prova eram as ondas que estavam formando na água.

Uma criatura gigantesca estava emergindo da profundeza do rio. Era uma enguia que estava com um anzol agarrado na ponta da boca e encarando Oco.

Como a regra nº 1 de Hollownest era fatie primeiro, pergunte depois, Oco voou em direção à criatura para dar o primeiro golpe.

Seu ferrão passou perto do olho dela, mas a enguia desviou e revidou com um cuspe elétrico que fez o guerreiro repensar na sua escolha de atacar.

Ele ficou atordoado e caiu no lago. Por lá, a criatura tentou abocanhar ele, porém Oco usou suas asas para subir de volta.

Ainda no ar, usou sua habilidade mergulho desolador para cair com uma força mágica direto na cabeça da criatura.

Infelizmente a serpente não morreu no golpe, agarrando o Oco em seu corpo. 

Era questão de tempo para ela quebrar o guerreiro e fazê-lo se juntar a mesa aranha gigante que ele tinha matado.

Até o ferrão dele caiu na água, porém ele tinha um truque para escapar daquela situação.

Concentrando toda sua alma, ele desferiu um grito que afastou o corpo esguio da enguia para diversos lados e aproveitou para lançar uma alma sombria em direção à criatura.

Dessa vez, sua inimiga não teve nem chances. Um buraco surgiu no meio da testa dela e ela caiu de cabeça perto dos equipamentos do Oco.

Uuuf!

Oco suspirou e voltou para sua base de pesca depois de passar bons minutos para pegar seu ferrão no fundo do lago. 

Pelo seu esforço tinha valido a pena, pois ele conseguiu pescar um baita peixe em seu dia de folga. Na verdade, foi o primeiro peixe que pegou na vida e também o último do dia.

Toda aquela carne que estava na sua frente poderia alimentá-lo por anos, então não havia a necessidade de pescar mais peixes.

Com tanta carne de enguia, ele teve que picotar diversas vezes a criatura até que pudesse colocar as partes dela no seu bolso mágico.

Não comeria toda a carne dela sozinha, então guardou boa quantidade para dividir com os aldeões que o ajudavam.

Por enquanto, apenas fez uma fogueira com alguns recursos perto do Lado Azul e espetou a carne de enguia no seu ferrão.

Giraria ele por diversas horas até a carne ficar na crocância ideal.

Nem estava preocupado com o tempo que demoraria para a carne ficar pronta, pois estava aproveitando seu fim de semana.

Para melhorar mais ainda seu feriado, abriu uma lata de guaraná e foi para sua rede com um esperto da mão descansar antes de ter que entrar no Ovo Negro.

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