Biopunk: A Ficção Científica que Mexe com o DNA (E cutuca a sua cabeça)

Introdução

Cyberpunk, Steampunk, Solarpunk, há diversos punks a serem explorados na ficção científica e hoje vou falar daquele que eu mais gosto: Biopunk.

Se você quer saber mais sobre um gênero que aborda manipulação genética, zumbis, corporações, biohacking, problemas ligados a aparência e muito mais, parabéns, você está no texto certo.

Definições que cercam o Biopunk

Para eu poder aprofundar mais um pouco nesse gênero do sci-fi, te darei alguns termos para você não ficar perdido ou perdida ao longo do texto.

Pegue o bloco de notas e vamos lá:

⊛ Ficção científica ou sci-fi: histórias que imaginam como o mundo seria com base em avanços científicos malucos ou reais. Temas como inteligência artificial, mutações, viagem espacial e outros estão aqui.

⊛ Utopia: realidade alternativa com uma visão idealizada da realidade e, na maioria das vezes, positiva.

⊛ Distopia: uma realidade alternativa pessimista ou que deu ruim de alguma forma.

⊛ Biopunk: distopia ou utopia que retrata as consequências da engenharia genética e até onde os limites éticos podem ir.

Com essas definições fixadas, fica mais tranquilo de entrar no próximo tópico, que será de onde veio o biopunk.

Origem do Biopunk

Eu vou utilizar o livro Biopunk Dystopias Genetic Engineering, Society and Science Fiction como base para ter uma origem desse gênero.

De imediato, digo que é meio difícil bater o martelo sobre a origem. Mesmo assim, vou começar com Frankenstein, .

Essa obra pode ser considerada a tataravó do biopunk. A história do doutor que cria vida a partir de cadáveres com ciência, sem considerar as consequências éticas, é o embrião de quase tudo que o biopunk discute: experimentação sem limites e o corpo humano como algo que pode ser desmontado e remontado.

Poderia falar de outras obras como Metrópolis (1922) também, já que ela aborda a criação artificial da vida, mas darei destaque para produções atuais que podemos sim falar, isso é biopunk.

Estou falando de Oryx e Crake, The Windup Girl e Resident Evil.

Oryx and Crake — Quando a ciência brinca de Deus

Na obra de Margaret Atwood, estamos em um mundo devastado por experimentos genéticos. Antes do colapso, grandes corporações criavam animais híbridos, alimentos artificiais e drogas personalizadas.

O protagonista, chamado Snowman, vive entre os destroços do que sobrou após uma pandemia criada em laboratório — e a culpa tem nome: Crake, um cientista que decidiu “melhorar” a humanidade à força.

Vai por mim, esse livro é pesadão, então explore com cuidado.

Se quiser entrar nele, você pode se deparar com algumas perguntas:

  • Quem controla a vida?
  • O que seria uma nova espécie humana?
  • E o que acontece quando o mercado dita as regras da evolução?

The Windup Girl — O futuro é genético e sufocante

Escrito por Paolo Bacigalupi, esse romance se passa em uma Bangkok do futuro, onde o mundo foi devastado por colapsos ecológicos, guerras genéticas e outras coisas bem leves.

Aqui, empresas de biotecnologia dominam tudo: desde as sementes de alimentos até a composição do DNA das pessoas.

A personagem-título, Emiko, é um ser humano criado artificialmente, programado para obedecer. Ela vive em um mundo onde sua existência é considerada descartável, mesmo sendo biologicamente avançada e sem dúvidas você vai ficar impactado(a) com o que acontece com ela.

O livro mostra o biopunk em sua forma mais política e visceral:

  • A biotecnologia como ferramenta de opressão;
  • Vidas com prazo de validade;
  • Um futuro onde até um pepino pode ser uma arma.

Resident Evil — Distopia de zumbis

Talvez Resident Evil pareça “só mais um apocalipse zumbi” à primeira vista.

Mas na verdade, a franquia é um exemplo puro de biopunk em ritmo de ação e cheio de coisas boas.

Tudo gira em torno da Umbrella Corporation, uma megaempresa farmacêutica que desenvolve armas biológicas — e acidentalmente (ou não) libera diversos vírus no mundo que transformam pessoas em monstros.

A história mistura:

  • Engenharia genética militar;
  • Mutação acelerada;
  • Interesses corporativistas.

Temas centrais do Biopunk

⊛ Horror corporal: mutação, manipulação genética, clonagem, muito vermelho na tela e tudo que te fará repensar sobre seu organismo;

⊛ Controle da vida: empresas e pessoas controlando a vida, questões ligadas a saúde, beleza, identidade aparecem no biopunk;

⊛ Desigualdade: em um mundo cheio de avanços biológicos, quem pode ter acesso? Quem é explorado(a) para outros terem acesso;

⊛ Natureza: plantas modificadas, fusões de animais, destruição do meio ambiente, armas biológicas e muito mais.

Recomendações de obras biopunk

Há muitas obras, mais te darei algumas inicias:

Biopunk no Brasil

Aqui, as distopias já na carne viva, quase no osso: desigualdade genética existe no acesso à saúde, à comida, na busca por corpos de Instagram e muito mais.

Cabe apenas um artigo para falar sobre esse gênero no Brasil. Por enquanto, vou dar destaque para uma obra chamada O Último Ruivo, de Clayton de La Vie.

O protagonista é uma pessoa com Síndrome de Down e ruiva, duas características proibidas no mundo da história. O resto… você pode descobrir apenas lendo.

Também vou dar destaque para minha obra: Indulgência.

Esta de graça na Novel Mania, e aqui vai a sinopse:

Sinopse

“Biologia e pesadelos formam uma horrenda combinação, senti muito bem isso na pele, na mente e no DNA. Vivendo em Paraíso, nunca cogitei ver biodemônios, diabretes ou até mesmo um Cérbero de quatro cabeças, mas fui forçado à encará-los e, o melhor, abraçá-los.


Meu mundo até podia ter criaturas que me faziam vomitar, porém nada chega perto do nojo que tenho por Palatino. Se eu o tivesse conhecido de verdade antes, nunca teria apertado sua mão naquele evento da empresa Tino.


A cerimônia da bomba de pragas apenas me trouxe desgraças que demorarei para superar, ou nunca superarei. Pelo menos me deu duas companhias quentes e uma cidade que quero proteger: Inferno.”

Conclusão

O biopunk não é só um gênero da ficção científica — é uma bola de cristal para o futuro.

Uma forma de olhar para o mundo e perceber que muita coisa está rolando: nas digitais vendidas como dado, muitas pessoas com RG, mas sem identidade, vacinas como monopólios, fronteiras entre o natural e o artificial.

Além disso, ele nos alerta que o futuro pode ser moldado não apenas por inteligência artificial, mas por controles genéticos. Que o corpo humano pode deixar de ser um direito e virar um produto.

E que a maior distopia talvez não seja feita de máquinas — mas de carne, controle e consentimento, ou não.

Com certeza é um tema extenso, mas não se preocupe, você pode encontrar outros conteúdo sobre Biopunk por aqui e até mesmo contos.

Que tal ler o meu conto chamado Criaturas para atiçar seu conhecimento?

Referências

SCHMEINK, Lars. Biopunk dystopias: genetic engineering, society and science fiction. 1. ed. Liverpool: Liverpool University Press, 2016. 279 p. ISBN 978‑1781383766. Disponível em: https://a.co/d/gOXstoZ

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