Bananas trapalhonas

Equipe – Respiração Manual Ativar

-Parte escrita por Excamosh-

Sempre me preocupei com os dentes e cabelos, mas tive uma escolha difícil hoje: comprar uma peruca ou uma dentadura.

A escolha da peruca era simples, eu tomei tanto danone que fiquei calvo e a da dentadura era porque eu perdi meus dentes lutando contra um orangotango.

Ele chutou minha cara quando eu tratava o habitat dele no zoológico onde eu trabalhava, então deu no que deu.

Não o culpei pelo ocorrido, mas ele me deu problemas para resolver.

Respirei fundo e, de olhos, para o aplicativo bancário do meu celular, eu tinha apenas dinheiro para uma dentadura ou uma peruca.

Dentadura pode ser importante. Em circunstâncias normais, eu compraria ela sem sombra de dúvidas, mas a falta de cabelo se tornou algo alarmante.

Em alguns dias, terei a oportunidade de emprego da minha vida: ser modelo na revista CCB, Contra Calvos e Banguelas.

Pode não parecer, mas tenho um rosto e físico bonito. O único problema era o cabelo mesmo. Ele começou a cair de uma semana para cá e os dentes foram um imprevisto danado.

Com a peruca eu poderia burlar o requisito da vaga de não ser calvo e com a dentadura eu resolveria o problema dos dentes. Eu tinha dinheiro para resolver apenas um desses problemas.

Aff!

Sentei no banco da minha casa e comecei a bufar incansavelmente.

Até olhei para os lados a fim de ver se tinha algo para vender, mas havia apenas um celular quebrado na minha mão como objeto valioso.

Sem coisas para vender, sem dinheiro, sem salário por causa que fui demitido. Eu estava em uma enrascada.

Se não fosse aquele maldito orangotango, eu estaria sem preocupações. Novamente, eu estava longe de culpá-lo pelo ocorrido, pois eu esqueci de trancar a jaula dele no dia.

Não adiantava chorar, eu estava por onde estava e era isso que importava. Cabia a mim resolver a situação.

Uma dentadura e uma peruca, não deve ser difícil ter essas duas coisas. O melhor de tudo era que eu sabia onde encontrar essas duas coisas, ou pelo menos uma delas.

Seria difícil, mas logo me arrumei, saí do meu apartamento, abri a porta do elevador, desci para o andar de baixo e fui direto para o plano B.

Infelizmente, vi algo preocupante. Aquele maldito orangotango estava sentado no sofá da recepção.

Comia uma banana, ou melhor, um cacho de bananas e também estava com um refrigerante em uma das mãos.

Oi, meu chapa!

– Deseho feito por Ryzen –

-Parte escrita por guizado-

Oi, meu chapa! — questionou o gorila, piscando, de forma rápida, o olho para o homem com traços velhos na sua juventude.

Da face, mergulhada na troça que as palavras traziam ao cochichar no seu ouvido, brotaram rugas junto de uma expressão congelada de raiva. O seu olhar de safira, também preso nessa revolta, devorava cada pedacinho do animal.

Eu pensei que te tinha mandado lavar os pratos, — revidou o homem enquanto o primata abria um sorriso maior que aquele que esboçava no instante anterior — mas como sempre, eles estão no mesmo lugar, intocados. Qual é a desculpa desta vez?

Saindo das luxúrias relaxantes contidas no pequeno sofá, o animal sentiu os seus pelos tremerem. Um arrepio de adrenalina que subiu seu corpo acima e, ao mesmo tempo que ambos trocavam olhares ameaçadores, acelerou o seu coração.

Eu estou farto de ser tratado feito que nem um animal, mereço direitos nesta casa. — As presas afiadas brilhavam na boca da besta como pequenas agulhas prontas, se necessário, para perfurar o tecido suado do pescoço do homem. — Estás sempre a falar nos malditos pratos, ou então na roupa que eu não lavei, mas hoje isso vai mudar, eu te garanto. — Dos dedos grossos, dois punhos cerrados nasceram, saltando para fora os ossos fortificados que a natureza lhe dera de presente.

Uma corrente refrescante, vinda de uma janela aberta, envolveu num silêncio devorador de mentes os dois, sufocando as últimas fagulhas de amizade que restavam.

Não posso dar uma coisa que tu não mereces — retorquiu o homem, levantando a cabeça para prender os olhos ao rosto juvenil do primata — É melhor voltares ao trabalho antes que a situação fique má para ti, entendeste? — A revista que tinha protegida pelas mãos escondidas atrás das costas sentiu ser rogada sobre si a fúria que ele tentava oprimir. Um fervor tal que, após os dedos remexerem por longos segundos, fez aquele pedaço de papel de tão curta idade se transformar em uma bola de folhas esmagadas.

Distraído pelo seu artesanato enraivecido, o humano não percebeu os dentes da besta morderem o seu pescoço. Sentia o sangue escorrendo, contudo eram ferimentos tão ligeiros, algo como as amorosas dentadas que o seu filho lhe dava em tom de brincadeira.

Não vou negar que doeu. — Sem notar, deixou escapar da boca um pequeno gemido de dor enquanto limpava o doce vermelho do seu pescoço rígido. — Garanto que não te vou deixar escapar impune.

A sua mão, ainda com algumas feridas, provavelmente fruto de outros combates recentes, voou pelo ar. O braço esticado, demarcava o rastro percorrido por aquele

míssil, um projétil que seguia sem controle com o objetivo de explodir em dor a face animalesca do gorila.

Porém, de repente, enquanto concentrava toda a sua atenção em observar a calculada vingança ser cumprida, notou a sua rodar pelo ar. Parecia que uma tontura se tinha abatido sobre ele, mas não era isso que o desmoronava sobre o sofá, estava demasiado consistente para ser essa opção.

“Merda… escorreguei nas bananas…”

-Desenho feito por Miau-

-Parte escrita por Loizinha-

Em meio a luta feroz contra o mutante, o empresário William se viu perdendo o controle ao escorregar em uma casca de banana que estava jogada e espalhada pelo chão de sua sala.

(Mas, o que… ?!-) — pensou logo quando se viu caído e desarmado no chão da sala.

O mutante que estava, até então, desnorteado com o último golpe que sofreu de William, não pensou duas vezes para contra-atacá-lo logo após se recompor do ataque anterior. Foi com sua maneira sorrateira, covarde e agressiva de ser, que o mutante partiu para cima do empresário com as suas enormes garras.

William não soube o que fazer e não estava em condições de pensar em nada naquele momento, estava deitado no chão sobre o apoio de seu braço esquerdo, enquanto olhava para cima e a sua única visão naquele instante era a daquele grotesco, asqueroso e monstruoso mutante. Pronto para atacá-lo sem piedade alguma. O empresário estava paralisado, não conseguia se mover para sair daquela situação, o medo tomou conta de sua mente que outrora estava repleta de coragem… A única coisa de que se lembrava era de uma escuridão sólida, logo depois.

William se levantou em um pulo só de sua cama.

Então… Foi só um pesadelo? — falou sozinho consigo mesmo, enquanto, ainda sentado na cama, apoiava uma de suas mãos em sua cabeça tentando se acalmar e digerir sobre tudo aquilo.

Seu coração estava tão acelerado que parecia querer sair pela boca, mas um som ofegante que ouvia no seu quarto o tirou de seus pensamentos e aflições. Foi quando ele se virou na direção do som. Seus olhos se arregalaram, suas pupilas dilataram, seu corpo todo se arrepiou em sinal de alerta, seu instinto de perigo estava a flor da pele… Quando William pensou estar tudo bem, ali, bem do seu lado, estava o terror de seu pesadelo…

Isso… Não pode estar acontecen-

Horas depois, o som da sirene de ambulâncias e policiais ao redor do prédio em que o empresário morava era o foco de toda a vizinhança. Um assassinato cruel e brutal havia acontecido no apartamento de N° 124 no dia 13 de julho de 1986 em Pittsburg, EUA. Mas… o que ninguém esperava, era de que este não é um simples caso de assassinato, eles não faziam ideia do que estava a solta.

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